Entre as iniciativas estão espaços de convivência, treinamentos em gestão do tempo e comunicação com foco na qualidade do ambiente de trabalho; estratégia reflete em melhor atendimento à população
Josiane Borges, da Agência Brasília | Edição: Débora Cronemberger
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A Síndrome de Burnout é um desequilíbrio emocional diretamente relacionado ao acúmulo de estresse por conta do trabalho. Também conhecida por Síndrome do Esgotamento Profissional, causa sintomas físicos e psicológicos, como dores musculares, insônia, transtorno de ansiedade e até distúrbios alimentares ou do sono.
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Para prevenir a doença entre os servidores, o Governo do Distrito Federal (GDF) investe em uma série de ações nos ambientes de trabalho que reflete em um melhor atendimento e acolhimento da população do DF.
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A síndrome é classificada como doença ocupacional pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Para a psicóloga Jacqueline Ferraz, da Subsecretaria de Segurança e Saúde no Trabalho (SubSaúde) do GDF, não só o excesso de trabalho contribui para o desenvolvimento da síndrome, mas um ambiente considerado tóxico também é propício para o adoecimento.
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Visando ao bem-estar dos servidores, o GDF tomou iniciativas como a criação da Sequali e a oferta de cursos, por meio da Egov, que trabalham ferramentas e técnicas para tentar evitar que o servidor chegue à Síndrome de Burnout | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
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“A síndrome nunca vem sozinha, vem acompanhada de transtornos de ansiedade e depressão. Envolve pessoas muito comprometidas com o trabalho, com alta performance, sob um ambiente competitivo, de assédios moral e sexual, falta de reconhecimento do trabalho ou em um ambiente muito rígido que não permite que o trabalhador não participe das decisões; são fatores que podem desencadear o Burnout”, destaca. “É um esgotamento físico, mental e social, é uma falência múltipla. Prejudica tudo, é muito diferente de um simples cansaço”, completa Ferraz.
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O foco do trabalho da SubSaúde é preventivo, e para isso a pasta disponibiliza e atua junto aos servidores por meio de programas voltados para a saúde mental. São eles avaliação psicológica, atenção à saúde mental materna, orientação para a aposentadoria, atenção ao servidor dependente químico, suporte psicológico e psicoterapia.
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“Se não tratada, toda a sociedade fica prejudicada. Perde o servidor, que não vai conseguir prestar o atendimento necessário, o governo, a família e a sociedade; enfim, é um jogo em que todos perdem”, alerta a psicóloga da SubSaúde. “Acreditamos que é muito melhor promover estratégias de prevenção, de como a organização pode minimizar os riscos e eliminar do contexto do trabalho e estimular fatores de proteção como o cuidado da mente e do corpo.”
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Qualidade de vida no trabalho
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A preocupação com o bem-estar dos servidores é uma das prioridades na gestão atual, e um exemplo disso foi a criação da Secretaria Executiva de Valorização e Qualidade de Vida (Sequali), há três anos, dentro da estrutura da atual Secretaria de Fazenda (Sefaz).
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“A administração atual mudou o olhar do governo para com o servidor. Passou a entendê-lo como um ser humano completo, profissional e pessoal. Então, tentamos proporcionar a eles qualidade de vida no trabalho, com um ambiente cuidado, em que ele consegue expressar suas emoções, contra um esgotamento. E isso vai resultar em um bom atendimento para a população”, explica o secretário-executivo de Valorização e Qualidade de Vida, Epitácio Júnior.
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Por meio da Escola de Governo (Egov), o GDF investe também em cursos que trabalham ferramentas e técnicas para tentar evitar que o servidor contraia a Síndrome de Burnout, com instruções de organização do tempo, comunicações saudáveis e feedback positivo para que o ambiente de trabalho não seja gerador da doença.
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“O servidor acessa ferramentas para aceitar a finitude do tempo lidando com prioridades, focar a comunicação no receptor e desenvolver rotinas dentro das oscilações de energia do corpo humano e das organizações. A capacitação nessas vivências leva a equipes mais saudáveis, ambientes de foco e concentração e reduz o desgaste diário. É um investimento em saúde física e mental que impacta diretamente a expectativa e qualidade de vida”, defende a instrutora da Egov e especialista em produtividade e equilíbrio Sane Alessandra Marques.
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A diretora-executiva da Egov, Juliana Tolentino, acentua que os treinamentos têm a intenção de melhorar a entrega para a população, com um olhar comportamental e inovador para o atendimento: “Na agenda de cursos, mapeamos as competências, as tendências e as dores, com o foco de uma melhor devolutiva para a população, desde um servidor mais satisfeito a uma comunicação não violenta, com técnicas para lidar com o outro. O governador trouxe esse olhar, e utilizamos as temáticas para facilitar o dia a dia de trabalho e o atendimento à comunidade”.
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